Monday, June 4, 2007

Acerca da personalidade jurídica da União

Honestly? Couldn't care any less, senão estaria agarrada ao volumezinho de capa azul.

De facto, não é isso que me traz por aqui hoje (enquanto a Milla Jovovich não chega, é o que há)
Retomando o tema do anterior post, não posso deixar de pensar que se é verdade que cada um tem o que merece também não é menos verdade que cada país tem o ditador que merece. Karma works in misterious ways. À nossa imagem e semelhança, o Dr. António de Oliveira Salazar governou o país durante longos e gloriosos anos. Um homem simples que a bonita terra se Santa Comba Dão viu nascer, tímido, nada dado a demonstrações de poder ou virilidade. Suspeito que seria mais adpeto de actividades em recintos fechados, sentadinho na sua cadeira a ler o best seller da altura "How to be a dictator in 30 minutes" (parece que está a fazer um enorme furor na América do Sul, nos dias que correm).

Para quem pense que isto de ser um grandessíssimo facho encrudelece uma pessoa, desengane-se! As suas desventuras românticas enchem hoje páginas e páginas, em livros sentados nas prateleiras da Bertrand, juntinhos ao dantesco romance da Senhora Dona Carolina Salgado, prova mais que suficiente de que era um coraçãozinho mole. Como os portugueses se enternecem com verdadeiras histórias de amor! Estamos a falar de um homem sóbrio, que se dedicava de forma incondicional à sua profissão, assumindo as suas responsabilidades, avesso à delegação de tarefas, um pouco o inverso da Administração Pública de hoje. Ahh, e que sonhos tinha ele para Portugal!Um império além fronteiras, um país rural, pobre mas conformado, temente a Nosso Senhor e feliz! Ele sim, sabia o que o verdadeiro bonus pater familias deveria ser, um homem forte, másculo e de enchada em punho, pronto a impor a ordem no lar. Temos em que dava gosto ser mulher e mãe, levantar com a aurora do dia, esfregar com devoção cada cantinho do lar, pôr a mesa e cozinhar as refeições, entoando cânticos religiosos e, ao fim do dia, piedosamente, remendar umas meias junto ao quentinho da lareira... Também as crianças eram estupidamente felizes, marchando na Mocidade, os meninos, e aperfeiçoando o ponto de cruz e os arraiolos, as meninas.

Mudam-se os tempos, mudam-se os ditadores. Hoje está na berra o show off, estadista que se preze tem que correr diariamente uma maratona (gostava de o ver em viagem oficial ao Quénia), suando como um atleta olímpico, enquanto as donzelas suspiram com a masculinidade, o charme latino e o cabelo grisalho. Já as aventuras românticas, diz a má-língua, denotam opções diversas, mas quanto a mim é tudo inveja. Isso de ter territórios ultramaninos passou também de moda, o melhor mesmo é "des-anexar" a Madeira, visto que o Orçamento é magro, é gente que fala de maneira estranhae vê com maus olhos as leis da República. Mais a mais, o nosso PM anda com a ideia maluca das Oportunidades, coisa que me assusta enquanto mulher e futura dona de casa, não vá ele obrigar me a estudar e trabalhar, sujeitando o meu marido à humilhação de ganhar menos. Deus nos livre! "Deus, Pátria e Família!"

Já o português médio não aguenta mês e meio no ginásio, quanto mais uma maratona diária. Nada como um serão no sofázinho, enquanto a patroa escolhe a gravata do menino e mete a criançada na cama. Depois, aninham-se a ver a têvê até que ele desiste porque ela "não pode perder o episódio em que a Maria dos Anjos o apanha com outra num motel reles, senão perde o fio á meada".

Chegados a este ponto, parece me claro que o Sr. Silva se assemelha assustadoramente ao dito António de que falávamos há pouco. Parece que o consigo ouvir a discutir com a Maria (uma das suas conquistas):

- Óh filho deixa-me ver a Ilha dos Amores, 'tou farta do Malato!
- Tá caladinha mulher, vê lá se queres ir passar a noite a Caxias!

A meu ver é essencial que cada povo se identifique com o seu governante, e com este não vamos longe. Por isso, lanço aqui um desafio (ou um repto, como é fashionable dizer) aos vários canais televisivos, façam uma espécie de reality show em que o ganhador seria, vitaliciamente, Ditador. Perdão, Primeiro-Ministro.
Afinal de contas, " O António faz falta".


Post scriptum: Este singelo texto de Direito Comunitário será posteriormente publicado em vietnamita e checo, quando eu voltar da Patagónia, logo depois de receber meia dúzia de condecorações na Baixa da Banheira, onde vou sempre que posso.

3 comments:

Winston said...

Foste possuida pelo espirito do Fausto, o de Quadros... lol

Mavs said...

"Temos em que dava gosto ser mulher e mãe, levantar com a aurora do dia, esfregar com devoção cada cantinho do lar, pôr a mesa e cozinhar as refeições, entoando cânticos religiosos e, ao fim do dia, piedosamente, remendar umas meias junto ao quentinho da lareira..."
Isto sim, eram tempos em que um Homem era feliz. Devia MESMO ter nascido há 50 anos atrás...

K. said...

ya também já pensei nisso...porque é que em tantos séculos de opressão eu venho a nascer logo quando passo a ser o oprimido...Que sentido de humor ein Senhor?