Cá em Portugal, esta frase atinge proporções drásticas. Ninguém faz aquilo para que foi designado pela Providência. Por exemplo, eu em vez de estar num iate a gozar o Sol das Caraíbas (foi essa a missão divina de alto risco que me foi confiada), estou por aqui a escrever num dia chuvoso.
Se toda a gente perdesse, eu aguentava com resignação filosófica. Não me importo de trocar uma vida dedicada ao ócio num país exótico por uma vida exótica num país dedicado ao ócio. Mas não posso deixar de ficar indignado ao ver que alguns dos meus compatriotas saem a ganhar com a troca de papéis!
Há Presidentes de Câmara, pelo menos para isso foram mandatados, que se dedicam a comentar casos de polícia em programas televisivos. Do mesmo modo, há polícias que só prendem ladrões nas novelas e séries que escrevem.
Até a Botânica deste país se vê afectada pela salganhada! Não é por acaso que já as moitas querem ser flores.
Eles recebem aplausos pela assertividade das declarações e a mim chamam-me mandrião. Eles são respeitados pela sociedade, eu sou considerado improdutivo.
Será muito exigir que também eu seja famoso e admirado por não fazer aquilo que me pediram?
Não sei não Deus, mas é bom que me compenses um dia e olha que eu sou um agiota no que toca a juros. You owe me.