Ele, um soldado daqueles que nunca são heróis, pois não era forte como Hércules, corajoso como Aquiles ou belo como Adónis e tão-pouco tinha o carisma de um Alexandre. Era apenas um soldado de pouco valor, que os Deuses abandonam e dos quais não reza a História.
Certo dia, o soldado sem pena nem glória viu, com os seus olhos vagos, aquela que os trovadores vangloriam e pela qual os valorosos se perdem. O soldado, outrora triste e indiferente, possuía agora luz no peito.
Ela, uma Princesa em toda a sua graça venusiana, de olhos claros e penetrantes, belos cabelos loiros, face desenhada por um Miguel Ângelo e sorriso esfíngico e fatal como o de quem esconde um mistério dos muito misteriosos. Era toda a Antiguidade Clássica com a originalidade dos tempos modernos. Tinha tanto de intrigantemente fascinante como de fascinantemente intrigante.
O fraco soldado sentiu-se preso à sensível Princesa como um marinheiro está preso ao mar, o narciso à água e o corpo à alma.
Mergulhado na sua ilusão e depois de muito pensar, o pequeno soldado fez-se grande e, chegando-se perto da Princesa, disse-lhe "Perdoe-me a ousadia, senhora minha, mas eu, por quem os Deuses não nutrem simpatia, ao vê-la tomei consciência do vazio que tinha e do nada que me sentia...Acaso aceita o meu amor?"
A Princesa, graciosa em todos os seus gestos, rindo muito disse "Decerto que é um bravo soldado e o que diz será verdade mas, como prova da sua dedicação, peço-lhe que me espere cem dias diante do Palácio, só após essa proeza poderei aceitar de bom grado o seu amor."
O formoso soldado acedeu a tal pedido. Passou um, dois, três, cinquenta dias, em que fez chuva e sol e calor e frio e o destemido soldado não se movia. Teve sede, fome, foi alvo de chacota, todos riam do admirável soldado. Mas ele, certo do seu amor, permaneceu imóvel e imperturbável durante noventa e nove dias.
Na última noite, o soldado esquecido pelos Deuses virou-se de costas para o Palácio...e foi-se embora...
Certo dia, o soldado sem pena nem glória viu, com os seus olhos vagos, aquela que os trovadores vangloriam e pela qual os valorosos se perdem. O soldado, outrora triste e indiferente, possuía agora luz no peito.
Ela, uma Princesa em toda a sua graça venusiana, de olhos claros e penetrantes, belos cabelos loiros, face desenhada por um Miguel Ângelo e sorriso esfíngico e fatal como o de quem esconde um mistério dos muito misteriosos. Era toda a Antiguidade Clássica com a originalidade dos tempos modernos. Tinha tanto de intrigantemente fascinante como de fascinantemente intrigante.
O fraco soldado sentiu-se preso à sensível Princesa como um marinheiro está preso ao mar, o narciso à água e o corpo à alma.
Mergulhado na sua ilusão e depois de muito pensar, o pequeno soldado fez-se grande e, chegando-se perto da Princesa, disse-lhe "Perdoe-me a ousadia, senhora minha, mas eu, por quem os Deuses não nutrem simpatia, ao vê-la tomei consciência do vazio que tinha e do nada que me sentia...Acaso aceita o meu amor?"
A Princesa, graciosa em todos os seus gestos, rindo muito disse "Decerto que é um bravo soldado e o que diz será verdade mas, como prova da sua dedicação, peço-lhe que me espere cem dias diante do Palácio, só após essa proeza poderei aceitar de bom grado o seu amor."
O formoso soldado acedeu a tal pedido. Passou um, dois, três, cinquenta dias, em que fez chuva e sol e calor e frio e o destemido soldado não se movia. Teve sede, fome, foi alvo de chacota, todos riam do admirável soldado. Mas ele, certo do seu amor, permaneceu imóvel e imperturbável durante noventa e nove dias.
Na última noite, o soldado esquecido pelos Deuses virou-se de costas para o Palácio...e foi-se embora...
3 comments:
e porque não esperar mais um dia?
ou talvez se tivesse esperado ela lhe daria um beijo e pediria mais 100 dias. ou melhor podemos ser amigos?
Essa é uma interpretação possível. Eu não gosto de revelar o significado das coisas, porque acho que cada um deve interpretar à sua maneira, como já foi dito a Arte revela o espectador, no entanto, neste texto vou abrir uma excepção porque se o soldado é esquecido pelos Deuses, eu por gostar dele não quero que seja mal interpretado. Ele vai-se embora não porque tenha medo de esperar mais 100 dias nem por se fartar de aguardar. Ele vai-se embora por uma razão mais bela. Foi um acto de coragem e de nobreza de carácter. Ele sabe que é um mero soldado e que nunca será mais do que isso. Só nas histórias é que os soldados insignificantes ficam com as Princesas. Então porque é que ele ficou 99 dias à espera? Porque apesar de saber que nunca ficaria com a Princesa, dada a sua condição, ao menos teve 99 dias da sua vida em que pode viver essa ilusão, 99 dias nos quais ele foi mais do que um mero soldado. =)
acho que o soldado desistiu ao ver a princesa a passar agarrada a outro e feliz da vida.. só isso justifica que ele tenha desistido..
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