Thursday, May 31, 2007

Novas Oportunidades

O meu muito obrigado aos senhores que têm comentado este espaço, uma vez que a inspiração começava a esvair-se, com os vossos sábios comentários a sede de escrever voltou, com mais força e mais vontade de dizer mal do que nunca.
Vou dedicar este post a um assunto de maior importância, que são as escolas portuguesas e o ensino em Portugal, há já algum tempo que tinha vontade de o fazer, mas o comentário de um distraído que encontrou o nosso blog abriu-me o apetite.
Devo desde já dizer que este post não está direccionado para ninguém em particular, não querendo com ele ferir certas susceptibilidades mais sensíveis!
Em Portugal existe um problema grave no ensino, especialmente no básico e secundário, uma vez que não ensinam as pessoas a pensar, obrigam os alunos a decorar um monte de matéria e posteriormente a vomita-la nos testes e exames. Este problema não é novo, a sua génese deve-se ao regime que vivemos durante algumas décadas, onde a ignorância é a sabedoria (passe o plagio ao 1984 e ao grande irmão), o nosso ditadorzinho que depois de morto não foi rei, mas estrela de um programa de TV, conseguiu cegar uma sociedade, felizmente que sempre houve alguém que disse não!
Ao longo de pouco mais de 30 anos, o ensino pouco mudou, aos níveis referidos a montante, e, como tal, parece reflectir-se nos comentários que nos foram feitos, essa forma de educação, amigos não sei qual a vossa instrução, talvez até estejam a frequentar o ensino superior ou quem sabe até já acabaram e ingressaram no mundo do trabalho, mas eu digo que vocês ainda vão a tempo de voltar a aprender a ler, e a perceber o que lêem, o senhor engenheiro (?) José Sócrates devia estar a pensar em pessoas como vocês quando criou as “novas oportunidades”, aproveitem e vão aprender novamente a compreender um texto.
Depois de eu ver alguns comentários eu ainda duvidei se o problema era meu, podia o meu texto não estar inteligível ou não ser por vocês cognoscível, mas depois de verificarmos com alguma atenção chegamos à conclusão que definitivamente algumas pessoas em Portugal não sabem ler.

7 comments:

K. said...

Em primeiro lugar gostaria de pedir desculpa ao Miguel Correia e à O'Brien pois, muito provavelmente, expressei-me mal. O meu post surge como crítica às críticas feitas nos posts precedentes, que criticam todo o Processo de Bolonha sem fundamentos fortes (o winston diz que a formação é feita "à pressa", mas eu não concordo daí que não conte isso como fundamento). Como tal, essa frase que tu retiraste do post tem um contexto (oh desculpas de contexto agora...), se reparares quem diz isso num post é o Libertas. Eu, se vires o que digo anteriormente, afirmo que insuportável é um Homem que apregoa a Moral...e depois brinco com o que disse o Libertas. Eu nunca, mas nunca critiquei o meu país nem mesmo construtivamente (é uma desculpa para o "vou-te deitar abaixo mas com jeitinho"), o que faço e posso fazer é gracejar com os estereótipos que temos de nós e dos outros. Agradeço também ao Miguel Correia ter deixado aquela lista do ranking de desenvolvimento, eu hoje até vi uma melhor ainda(no jornal de referência DESTAK), Portugal é o 9º país mais seguro do Mundo (isto vale-me mais do que o desenvolvimento, não gosto de ter um telemóvel 3G para depois mo roubarem quando saio da loja) estando à frente de muitos desses países que, infelizmente, muitos portugueses admiram. Quanto à minha mentalidade provinciana, subscrevo, e mais...nem queiram ver o meu aspecto!!!(tou a brincar eu sou um dandy) Antes que me esqueça, eu não sou pessimista, sendo esta a única coisa com a qual não concordo convosco. Obrigado, também pelo facto de me terem chamado à atenção para a hipótese, não tão remota assim, de em 2 posts ter conseguido ofender 2 facções tão distintas como os radicais de esquerda e os radicais de direita (o que só faz com que agradeça a Deus por não ter posto o meu verdadeiro nome no blog). E com isto não vos tou a chamar nacionalistas. E com isto também não quero dizer que não sabem ler. E com isto quero dizer que, para completarem o trabalho hercúleo e, diria até, sisifiano (acabei de inventar a expressão mas não o nome) que é o de retirar algum significado ao que digo, eu não penso tudo o que digo. Muito obrigado, voltem sempre, aliás espero que leiam isto -- =)

PS- SIM EU SOU DAQUELES MALUCOS QUE PRECISA DE ATENÇÃO e é para garantir que alguém lê--

Anonymous said...

Quanto a mim não sei se José Sócrates estava a pensar em pessoas como eu para o programa "Novas Oportunidades", talvez quem sabe, estamos sempre a tempo de agarrar uma nova oportunidade! Mas quanto a mim os principais problemas do ensino em geral e do ensino superior em particular são: Elevados índices de insucesso e de abandono escolares; diminuto reconhecimento do desempenho pedagógico dos docentes e reduzido interesse, por parte das instituições em geral, em melhorar aqueles índices, situação facilitada por uma metodologia de financiamento proporcional ao número de alunos inscritos e por um sub-financiamento crónico que coloca o nosso país na cauda da OCDE em gastos públicos por aluno; Insuficiente motivação por parte de docentes, não-docentes e alunos para melhorem a qualidade e a eficácia do seu trabalho, e, em particular, grande instabilidade de emprego e estagnação nas carreiras, entre os docentes, com reflexos negativos no seu desempenho e na respectiva independência de opinião e de criação;
Propensão do modelo de gestão em vigor para promover a diluição de responsabilidades, dada a sua elevada complexidade; Demasiado corporativismo nas tomadas de decisão, quer no que respeita a unidades orgânicas (faculdades, departamentos, áreas científicas), quer no que se refere aos diferentes corpos (docentes, não-docentes e estudantes), que uma reduzida e pouco eficaz participação de representantes da sociedade, com interesse directo no resultado das missões confiadas ao Ensino Superior, não esteve em condições de compensar; Resistências injustificáveis, em muitas instituições, à contratação de novos docentes que, dispondo já de elevadas qualificações académicas, são originários de outras instituições nacionais ou estrangeiras, o que tem dificultado a fertilização cruzada, o aproveitamento de investimentos na qualificação dos recursos humanos já realizados pelo Estado e uma mais rápida internacionalização do Sistema; Insuficiente produtividade na I&DE, resultante de falta de pessoal técnico de apoio, de postos permanentes para investigadores e de financiamento básico de nível suficiente para permitir às instituições o exercício efectivo da autonomia científica;

(CONTINUA)

Anonymous said...

Excessiva cedência às tentações do marketing, especialmente no que concerne à proliferação e à denominação dos cursos, por vezes como panaceia para disfarçar deficiências de qualidade; exageradas assimetrias no que respeita a indicadores de qualidade evidenciados pelas diversas instituições de Ensino Superior no todo nacional; e reduzida cooperação institucional, com vista à racionalização e à qualificação dos recursos, quer ao nível interno de cada estabelecimento, quer entre instituições da mesma região ou da mesma área consolidada do saber, situação que tem sido agravada pela manutenção da indefinição sobre o futuro do sistema binário (universidade/politécnico);
Insuficiente implantação, a todos os níveis, de uma cultura de reforço da racionalidade, da eficácia, da qualidade e da relevância social, baseada em processos de fiscalização, de auditoria, de auto-avaliação e de avaliação externa, adequados e exigentes. Miguel Correia

Winston said...
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Winston said...

Não me parece que seja só um problema institucional... Concordo quando referes a falta de empenho dos alunos.
As faculdades não são só feitas de fundos e professores, os discentes também têm uma palavra a dizer no que toca à qualidade e proveito do ensino superior.
Os melhores professores nunca conseguiriam educar os piores alunos, ou os menos interessados... é certo que grande parte dos alunos até se aplica, mas muitos há que não dão importância ao ensino superior...
Há bastantes alunos que entram em cursos só para dizerem que têm uma licenciatura e acabam, com isso, por ter uma mentalidade que, de certo modo, prejudica o ensino. (isto para não falar dos party animal's lol)...

Libertas said...

Eu não sei de que ala partidária é que o senhor Miguel Correia se insere, mas desde já lhe digo que tem grande habilidade no discurso político, denota-se uma educação esforçada, no sentido de muita uva e pouca parra!
Todo o seu discurso é de bom nível, de se lhe tirar o chapéu, mais ainda encaixa que nem uma luva no nosso blog “venire contra factum proprium”, uma vez que a sua extensíssima explicação dos podres do nosso ensino nos explicita a sua anterior dificuldade em interpretar o texto a que pela primeira vez se referiu.
Deve dizer que apesar de não simpatizar consigo, porque me parece um daqueles tipos do bloco de esquerda que como diria o “gato fedorento”, “falam falam, mas não dizem nada”. Revelou um discurso eminentemente sarcástico e crítico, e, como tal, é sempre bem-vindo ao nosso espaço.
Talvez se nós conseguirmos retirar-lhe essas ideias de esquerda reprimida de “ah isto ia lá era com mais dinheiro investido nas amibas”, possamos vir até a entender-nos muito bem, com esperança em melhoras futuras, continue com esse espírito crítico!

Com os melhores cumprimentos:
Libertas.

José Carrancudo said...

No nosso ver, o problema de "memorizar" é exactamente contrária: não se desenvolve atempadamente a memorização sistematizada, pois todos os exercícios de memorização são excluídos dos currículos, então os alunos, quando deparam com a necessidade de saber alguma coisa, acabam por decorar passagens inteiras sem perceber nada. Infelizmente, esta Ministra sabe tão pouco da Educação como os seus antecessores, e só se preocupa em poupar dinheiro.

O País está em crise educativa generalizada, resultado das políticas governamentais dos últimos 20 anos, que empreenderam experiências pedagógicas malparadas na nossa Escola. Com efeito, 80% dos nossos alunos abandonam a Escola ou recebem notas negativas nos Exames Nacionais de Português e Matemática. Disto, os culpados são os educadores oficiosos que promoveram políticas educativas desastrosas, e não os alunos e professores. Os problemas da Educação não se prendem com os conteúdos programáticos ou com o desempenho dos professores, mas sim com as bases metódicas cientificamente inválidas.

Ora, devemos olhar para o nosso Ensino na sua íntegra, e não apenas para assuntos pontuais, para podermos perceber o que se passa. Os problemas começam logo no ensino primário, e é por ai que devemos começar a reconstruir a nossa Escola. Recomendamos vivamente a nossa análise, que identifica as principais razões da crise educativa e indica o caminho de saída. Em poucas palavras, é necessário fazer duas coisas: repor o método fonético no ensino de leitura e repor os exercícios de desenvolvimento da memória nos currículos de todas as disciplinas escolares. Resolvidos os problemas metódicos, muitos dos outros, com o tempo, desaparecerão. No seu estado corrente, o Ensino apenas reproduz a Ignorância, numa escala alargada.

Devemos todos exigir uma acção urgente e empenhada do Governo, para salvar o pouco que ainda pode ser salvo.

Sr.(a) Leitor(a), p.f. mande uma cópia ao M.E.