Há uma coisa que eu gostaria de partilhar convosco, caros leitores (Winston e Libertas), é algo que tem tanto de surpreendente que vos dará a ideia de que "There are more things in Heaven and Earth, Horatio, than are dreamt of in your philosophy". Foi uma revelação que se me deu durante um teste de História no 12ºano e que desde aí me tem perturbado.
Sem querer causar mais síncopes cardíacas nem pôr (eu sei mas recuso-me a tirar o acento) o Libertas a coçar mais o pescoço...já repararam que o Pacheco Pereira é a reencarnação do Karl Marx? Eu, inicialmente, um pouco incrédulo consultei a árvore genealógica do Pacheco Pereira à procura de algum antepassado prussiano (não muito distante dada a forte influência tudesca no nome), mas para meu espanto nada que o relacione com o grande revolucionário prussiano. Daí que a única explicação razoável me pareça a hipótese da reencarnação (afasto completamente idiotices como a de haver pessoas parecidas!).
Atentem bem nas imagens!! (até a cor da barba é inapelavelmente idêntica!)
As únicas diferenças prendem-se com o facto de, ao nível da imagem, ele (Marx 2.0) se ter adaptado à sua nova orientação política (não deixa, contudo, de ser curioso que, o KMarx, para quem era tão defensor do proletariado tenha, na imagem claro, uma pose tão napoleónica!).
E é esta uma das mais fortes razões para desacreditar o movimento comunista e da "sociedade sem classes", pois se um dos grandes impulsionadores do movimento voltou à vida para abandonar o barco, por que diabos havia eu de ter fé (curiosa expressão...) no mesmo barco? Vou a nado, como ele, que ao menos dependo de mim!
Para cúmulo das ironias, o apelido deste renovado Marx, já que Pacheco Pereira redunda num admirável PP!
Uma última nota para os comunistas radicais que acedam, numa onda de grande azar (deles), a este blog, antes de me chamarem "fascista", "menino da mamã", "porco capitalista" ou um mais simples, mas também mais de acordo com a verdade, "idiota", gostaria de deixar claro que a minha posição política é a do "centro distraído", como diria o Jon Stewart (por aqui se vê o nível das minhas influências...).
Ah e para o Libertas, é bem feito, devias ter lido as letras pequeninas (erro imperdoável num jurista) que diziam "fio Dental Group" (até devias estranhar por serem só mulheres...), a clínica dentária fica na outra ponta da cidade...valeu brother!
10 comments:
Até os porcos capitalistas, são comunas ("PC") -- (piada checa)
O libertas n tava à espera dessas cenas pah.. já sabes qual é o poder natural dele.. para ele aquilo era uma clinica perfeitamente normal.
uma ultima nota pertinente... Qual é a vossa pah's? querem desrespeitar um gajo perante os cibernautas q tanto me admiram, nomeadamente o César?!
Nota: Agradecemos que as pessoas se identifiquem, mesmo que com nomes falsos... Não que as queiramos perseguir (longe disso.. ou não..), mas doutro modo as conversas podem-se tornar confusas tipo: Oh anonimus, o outro anonimus é que tem razão!
Obrigado.
Winston/César... cá para mim andas a sofrer de alzheimer precoce a avaliar por esse comentario do "identifiquem-se" :P Mas aplaudo o teu gracioso vegetal. Anyway, meu caro K., devo-te dizer que se quiseres fundar uma religião tens aqui um membro, dado que tive revelação semelhante há algum tempo... mas para aguçar as tuas suspeitas de reencarnação, deixo-te este facto: o Paheco Pereira dedicou-se a estudar a história do PC portugues! Claramente é o Marx reencarnado a querer dar um tautauzinho aos seus "seguidores" :P
Boa analogia, grande análise, excelente post! Miguel Correia.
Há pouco mais de uma década a URSS caiu. Naquele momento, a burguesia do mundo inteiro estava eufórica. Falava do fim do socialismo, do fim do comunismo, do fim do marxismo. Um dos estrateguistas da burguesia –Francis Fukuyama- chegou a falar do final da historia. Pois bem, dez ou vinte anos é um período longo na vida de um ser humano, mas na historia é apenas nada. Falando historicamente, é um período muito curto. Mas nesse período tão curto temos visto transformações muito importantes. Toda a ordem mundial virou de pernas para o ar. Num primeiro olhar, pareceria que o capitalismo triunfou de forma decisiva. Mas isso está muito longe da verdade. Para entender a natureza do período actual não é preciso ser marxista. Nem sequer é preciso ser uma pessoa muito inteligente. Basta ligar a televisão para ver a crua realidade. Há dez anos a burguesia prometeu-nos um mundo de paz e prosperidade (graças aos milagres do sistema da “livre empresa”) e, claro, a “democracia”. Agora todos esses sonhos viraram pó. Não ficou pedra sobre pedra das perspectivas dos estrateguistas do Capital. No seu lugar vemos por toda parte um pesadelo generalizado. A recuperação econômica de que tanto falavam é enormemente frágil e pode colapsar a qualquer momento com qualquer acidente como um aumento do preço do petróleo.
Em qualquer direção que olharmos temos guerras, terrorismo, instabilidade. Então, quando se fala de “utopias”... de quais utopias estamos a falar? Na hora de falar de ideias utópicas, estas seriam todas as ideias, esquemas e perspectivas colocadas pelos defensores do capitalismo após o colapso da URSS. Essas sim são utópicas no sentido literal da palavra (e peço perdão a Tomás More). Segundo os defensores do capitalismo, Marx errou quando preveniu a inevitabilidade da concentração do capital em cada vez menos mãos. “O pequeno é bonito”, diziam. Mas as cifras demonstram o contrario: nunca na história a concentração do capital foi mais intensa do que no momento atual. Hoje em dia 200 grandes empresas controlam um quarto da atividade económica de todo o mundo. Isso é justamente o que Marx previu no Manifesto do Partido Comunista –o livro mais moderno de todos os tempos- e Lenine no seu livro Imperialismo, fase superior do capitalismo. Uma outra ideia de Marx rejeitada pelos seus críticos burgueses é a da crescente pauperizaçao das massas sob o capitalismo. Não é necessário dizer que para Marx o conceito de nível de vida teve sempre um caráter relativo, e não absoluto. E em termos relativos tem-se produzido um colossal aumento das diferenças entre ricos e pobres, mesmo nos paises mais ricos do planeta e começando pelos EUA. O grau de monopólio tem atingido uns extremos insuspeitados. Há pouco o conhecido escritor e jornalista progressista John Pilger publicou os seguintes dados muito reveladores da atual situação a nível mundial: a General Motors é maior que a economia da Dinamarca, a Ford maior que a África do Sul e assim muitos outros exemplos. Isso quer dizer que as diferenças entre ricos e pobres também estão a aumentar a um ritmo vertiginoso. Para demonstrar um só exemplo: o salário de Tiger Woods, o jogador de golf norte-americano, é maior que os salários de todos os funcionários da Nike na Indonésia. Goldman Sachs, uma empresa de investimentos de só 167 associados, obtém uns lucros de 2,2 bilhões de dólares por ano – o mesmo que a Tanzânia, um país de 25 milhões de habitantes-.
Não é simplesmente um aumento da desigualdade global, mas também um aumento da diferença entre ricos e pobres dentro dos países capitalistas desenvolvidos. Por toda a parte cresce a insegurança e levantam-se cada vez mais questões relativamente ao sistema vigente. Temos visto os maiores protestos da história em paises como a Grã Bretanha e a Espanha contra a guerra no Iraque. No caso da Espanha, o descontentamento popular levou diretamente á queda do governo de Aznar. Na Índia não faz muito tempo vimos um fenómeno similar. Nos EUA existe um crescente descontentamento com a administração de Bush e começam grandes protestos.
Por acaso temos o direito de tirar a conclusão de que o capitalismo tem resolvido os problemas do mundo, que não é preciso procurar outro sistema diferente e que, conseqüentemente, a historia acabou? Tal conclusão acaba por contradizer não só a lógica mas também a evidência dos sentidos.
Foi bastante divertido ler há uns tempos o que os defensores do capitalismo escreveram faz dez anos sobre a globalização “descoberta” pelos Chicago Boys –conceito porém explicado por Marx e Engels no Manifesto do Partido Comunista faz 150 anos-. Marx e Engels explicaram que o sistema capitalista se desenvolve necessariamente como um sistema mundial. Hoje em dia vemos como esta brilhante previsão dos fundadores do socialismo científico foi plenamente demonstrada na prática.
A esmagadora dominação do mercado mundial é um facto objetivo. É o fenómeno mais decisivo na nossa época. É a base objetiva de um futuro mundo socialista, o que logicamente torna impossível o fechamento nacionalista. Mas lamentavelmente, como Hegel já explicou faz muito tempo, não é a Razão que determina a historia humana, mas os interesses materiais. Os donos das grandes multinacionais pouco se importam com a lógica da historia. Lutam e sempre lutarão ferozmente contra as forças do progresso em defesa do seu poder, da sua riqueza e dos seus privilégios. Na política, como na guerra, é muito perigoso dar pouca importância ao inimigo e cantar vitória cedo demais. Na verdade o imperialismo e a oligarquia (que são duas faces da mesma moeda) jamais se irão reconciliar com a Revolução bolivariana, pela mesma razão que jamais se reconciliarão com tantas outras revoluções, porque estas Revoluções dão um exemplo perigoso às massas oprimidas de toda a América Latina numa altura em que não existe um único regime burguês estável desde a Terra do Fogo até ao Rio Grande. Existem pessoas (que por alguma razão que desconheço se designam como “realistas”) que insistem em que a Revolução não pode expropriar á oligarquia já que isso “provocaria os imperialistas”. Qualquer pessoa razoável sabe que devem ser evitadas as provocações, mas este raciocínio não faz sentido. A quadrilha criminosa de George Bush não precisa de nenhuma provocação para agir contra diversos governos democraticamente eleitos. Há anos que o vai fazendo (por acaso não percebemos?). Na verdade, para estes senhores a simples existência de modos de pensar e de sentir a poitica de uma forma diferente constitui uma provocação. Só ficarão satisfeitos quando estas terceiras vias estiverem destruídas. Fechar os olhos perante este facto seria uma gravíssima irresponsabilidade.
Outros usam uma linha de raciocínio mais sutil (melhor ainda, sofista): já que alguns governos da América Latina e de outros países a nivel mundial não são socialistas, mas nacionais - democráticos, não podemos desapropriar a oligarquia, porque a revolução nacional - democrática deve respeitar a propriedade privada. A sério? Mas na Revolução americana do século XVIII, os revolucionários nacionais – democráticos não vacilaram em desapropriar as propriedades de quem apoiou a Coroa Inglesa. E na Segunda Revolução Americana (a Guerra Civil), Abraham Lincoln desapropriou a propriedade dos proprietários sulistas sem pagar um tostão como indenização.A história demonstra que a revolução nacional – democrática –se for consequente- não pode deter-se hipnotizada pelos “sagrados direitos” da propriedade privada. Se a Revolução cubana tivesse feito isso em 1960 teria sido derrotada sem dúvida nenhuma (apesar do mau exemplo que se afigura nos nossos dias). E não nos devemos esquecer que a Revolução russa era objectivamente, nos seus começos, uma revolução nacional – democrática, mas necessariamente teve que passar das tarefas nacionais – democráticas à desapropriação da burguesia russa.
Devemo-nos lembrar também que alguns dos dirigentes bolcheviques opuseram-se á ideia de uma revolução socialista na Rússia (Kamenev, Zinoviev, e inicialmente Kavlov) e denunciaram Lenine como um “esquerdista”, baseando-se no suposto caráter nacional – democrático da revolução na Rússia. Esta era também a base da política menchevique, que dizia que a classe operária devia subordinar todos os seus interesses aos da “burguesia progressista” -uma ideia que Lenine sempre combateu com firmeza-. A revolução bolivariana e de outros pontos do mundo tem obtido grandes sucessos, mas todos estes triunfos podem ser liquidados. Enquanto a burguesia continuar a controlar pontos chave da economia, a terceira via estará continuamente em perigo. É preciso reconhecê-lo e agir conseqüentemente. Vamos falar claro. Hoje em dia, os dois grandes obstáculos que freiam o avanço da humanidade e da civilização são em primeiro lugar a propriedade privada das forças de produção e em segundo lugar aquela relíquia da barbárie: o estado nacional. Temos aqui a contradição central: de um lado, as forças produtivas a nível mundial têm atingido um nível de desenvolvimento que, sob um sistema de planificação harmonioso e racional, permitiria a humanidade resolver todos os problemas e atingir um nível de civilização e cultura nunca visto. Do outro lado, vemos um mundo transtornado pela fome, doenças, violência e guerras. Tais fenómenos são só os sintomas de uma doença incurável, de um sistema econômico e social que já perdeu a sua razão de ser, que não é mais capaz de fazer avançar as forças produtivas e a cultura como fez no passado e, por isso, entrou numa fase de degeneração senil que tem consequências péssimas para o planeta quer a nível social ou a nivel ambiental, como constitui uma grave ameaça para o futuro da humanidade.
Por toda parte vemos uma instabilidade insólita e crescente a todos os níveis: económica, financeira, monetária, social, política, diplomática e militar. O domínio total dos EUA, longe de produzir uma situação estável, está a destabilizar tudo. Nos últimos três seculos sempre tivemos ao menos três ou quatro grandes potências no mundo. Agora só existe uma. Esta situação realmente não tem paralelismo histórico. Nunca existiu um período em que um só país dominasse o mundo de uma maneira tão absoluta. Comparado com o poder dos EUA, o poder do império romano, não passou de uma brincadeira de crianças. Há um século, o império britânico tinha uma política em que dizia que a sua armada deveria ser sempre maior do que as armadas unidas das duas potencias seguintes (por exemplo a França e a Alemanha). Mas hoje, os EUA gastam anualmente 300 bilhões de dólares em armamento. Isso é mais do que a Rússia, China, Japão, Grã Bretanha, França, Alemanha, Arábia Saudita, Itália, Índia e Coreia do Sul juntos. Este é um poder incrível e sem precedentes. Muitas pessoas tiram disto conclusões pessimistas, como “não nos podemos mexer, é impossível derrotar os EUA”. Mas uma tal conclusão é um grave erro. O poder do imperialismo norte-americano é enorme, mas tem limites, como demonstra a situação no Iraque. Com todo o armamento, satélites, mísseis, o dinheiro... não é capaz de manter o povo iraquiano acorrentado. Os EUA, apesar de terem um enorme déficit orçamental (450 biliões de dólares), são forçados continuamente a aumentar as despesas com armas até níveis insuportáveis. Ao mesmo tempo estão a reduzir os impostos aos ricos e a introduzir cortes na segurança social e na saúde (Medicare). Veremos o efeito dessa situação após as próximas eleições, seja quem for o vencedor. A continuação da guerra no Iraque supõe uma sangria constante, que custa por volta de 6 biliões de dólares por mês, sem falar das constantes perdas humanas. É uma situação insuportável mesmo para o país mais rico do mundo. A prolongação desta situação inevitavelmente levará os EUA a uma crise de dimensões similares à da guerra no Vietname –talvez ainda maior.
Antes da Segunda Guerra Mundial, numa brilhante previsão, um grande marxista antecipou que os estados Unidos iam dominar o resto do mundo, mas tinham telhados de vidro. Agora vemos a total correcção das suas palavras. A crise mundial do capitalismo, cedo ou tarde, ecoará nos EUA criando situações explosivas.
Por muito tempo as pessoas nos EUA acreditaram na propaganda do chamado “sonho americano”. Mas agora as atitudes estão a mudar. O futuro é cada vez mais incerto, cada vez mais preocupante. A catástrofe do 11 de setembro serviu para fortalecer a tendência mais reacionária durante um período, mas este efeito está a esgotar-se e já se está a preparar uma viragem brusca no sentido contrário. Mesmo falando de uma recuperação económica nos EUA, o nível de vida da grande maioria da população não aumenta. Como percentagem do Produto Interno Bruto, os salários nos Estados Unidos estão no seu nível mais baixo de várias décadas. O desemprego continua alto e realmente continua a crescer. Por outro lado, o preço do petróleo está continuamente a subir e o governo continua a anunciar cortes nas pensões e na saúde. Agora nos EUA ficar doente passou a ser um luxo. A Física Clássica diz: cada ação provoca uma reacção similar e contrária. Um princípio similar funciona na política. Após a bebedeira vem a ressaca, e quanto maior for a bebedeira, maior é a dor de cabeça depois. Dá para perceber os fermentos nos EUA. Vemos que o filme de Michael Moore, Fahrenheit 9/11, quebrou todos os recordes de bilheteria imediatamente. Tem muitos outros sintomas, como as enormes marchas contra as restrições do direito ao aborto ou contra a guerra, ou os massivos protestos contra Bush na frente da convenção republicana.
Passamos por um período de dez ou vinte anos em que o pêndulo virou internacionalmente à direita. Primeiro com Reagan e Thatcher e agora com Bush e um Blair muito pouco socialista. Mas os efeitos do colapso da URSS já passaram mais ou menos à história. Por toda a parte existem ataques contra o nível de vida e o Welfare State. Estes ataques estão a preparar uma enorme viragem à esquerda.
É uma ironia, então, escutar justamente neste momento por toda a parte os chamados a abandonar as ideias “passadas de moda” do marxismo (ou do marxismo “clássico”, tanto faz).
Numa ocasião, Joseph Goebbels, o ministro da propaganda de Hitler, disse: “Se quiser mentir, não diga uma mentira pequena; diga uma grande mentira. E se essa mentira for repetida até ao infinito, as pessoas acabarão firmemente por acreditar” Infelizmente isso é uma verdade. Os defensores do capitalismo decadente possuem enormes meios de propaganda. E usam-nos para atacar o comunismo e o marxismo. Dizem que o marxismo morreu. Mas há mais de 150 anos que eles dizem o mesmo. Só este facto já mostra a enorme vitalidade e viabilidade do marxismo. Por acaso a classe dominante gastaria tanto dinheiro, tanto tempo e tantas forças atacando uma ideia morta? Muito pelo contrário, só atacam ideias que não só estão mortas, mas que são perigosas para eles e para o seu precioso sistema. O mais preocupante não é que existam pessoas ignorantes ou atrasadas que aceitem como boa a propaganda antimarxista da burguesia, mas sim o facto de existirem personagens politicas apelidadas de comunistas que ao longo da história pelas suas condutas erróneas deram mais força a este tipo de propaganda. Na prática (ciente ou não) quem exige a revisão das ideias fundamentais do marxismo está a ecoar essas ideias e reflecte as pressões da burguesia. Isso prejudica mil vezes mais do que toda a propaganda negra da CIA.
Alguns desertaram do comunismo como ratos que tentam escapar do navio que afunda. Passaram com armas e bagagens para o campo da contra- revolução e da burguesia, como a maioria dos dirigentes do chamado Partido Comunista da União Soviética, que hoje em dia defendem o capitalismo e têm como principal actividade o enriquecimento à custa da corrupção e dos negócios escuros. Comparado com isso, a traição da dirigência social democrata em 1914 foi uma brincadeira. Outros, na verdade, ficam, mas tão desmoralizados que colocam obsessivamente a necessidade de “renovar” o marxismo que, chamando as coisas pelo nome, quer dizer abandono total do marxismo como uma ideia e um programa totalmente inócuo e inofensivo “marxismo descafeinado, marxismo de conversa da treta com uma chávena de café para falar dos bons velhos tempos”. Com estes “amigos” não precisamos de inimigos! Os que falam do socialismo como algo “utópico” não entenderam nada da situação mundial actual. Perderam a bússola, imersos num estado de pessimismo que os conduziu ao cepticismo e até ao cinismo. Mas o pessimismo e o cinismo não levam a lugar nenhum na vida, e ainda menos na política. O marxismo baseia-se na filosofia do materialismo dialético, que nos ensina que tudo muda e as coisas podem virar para o seu oposto. O momento do colapso da URSS já passou. É preciso reconhecer que o que caiu naquele momento não foi o socialismo, como dizem os nossos inimigos, mas uma deformação burocrática e totalitária do socialismo, que acabou minando as bases da economia nacionalizada e planificada que estabeleceu a Grande Revolução de Outubro.
Mas o período após o colapso da URSS facilitou bastantes dados para responder aos apologistas do capitalismo, começando pela Rússia. Por acaso a situação da Rússia hoje, após mais de uma década de “economia de livre mercado”, é melhor do que era antes? Não, para a esmagadora maioria da população é mil vezes pior. Vemos aqui a realidade da “utopia” capitalista! Foi nos primeiros seis anos da “reforma” capitalista que se produziu na Rússia o maior colapso económico de toda a história que abriu caminho às máfias e à corrupção latente. Com isso só tem paralelo a devastação catastrófica causada por uma derrota numa guerra. Mesmo que muitos não saibam, e que alguns não queiram sabê-lo, todos estes acontecimentos foram previstos por um dos mais importantes teóricos marxistas do século XX, Leão Trotsky, que já em 1936 tinha explicado como a burocracia estalinista não se conformaria com a sua situação privilegiada, mas acabaria por se tornar capitalista, privatizando as forças produtivas. Também explicou as conseqüências:
“A queda da ditadura burocrática actual, se não for substituída por um novo poder socialista, anunciaria, também, o retorno ao sistema capitalista com uma queda catastrófica na economia e na cultura”. Estas linhas, que parecem ter sido escritas ontem, são da Revolução Traída, escrito em 1936. Camaradas! É preciso e urgente colocar um “chega” na confusão, desorientação e dispersão do movimento comunista. Hoje mais do que nunca é preciso unir as nossas fileiras contra o inimigo comum: o imperialismo e o capitalismo. É preciso uma união sólida para mostrar que ainda existe espaço para esta Terceira Via! Mas a melhor maneira de defender estas revoluções é o fortalecimento da vanguarda comunista, lutando em defesa das ideias autenticas. É preciso abrir um debate em profundidade sobre o futuro do comunismo, um debate sem exclusões admitindo todas as tendências que lutam pelo comunismo contra o capitalismo e o imperialismo. Só assim podemos avançar na recomposição do movimento comunista mundial que todos almejamos.Acredito que qualquer discussão sobre o futuro do comunismo ficaria incompleta sem uma consideração muito séria das ideias de todos aqueles que não se conformam com a situação actual e que preferem lutar pelo nascimento de uma Nova Era!
Resumindo: Os autênticos utópicos são os reformistas que acreditam que a humanidade pode sobreviver e prosperar dentro dos limites sufocantes do sistema capitalista. Esta ideia é negada a cada passo pela experiência. A continuação deste sistema podre e caduco está a criar novos pesadelos. A longo prazo, ameaça o futuro da cultura e da humanidade. Ou acabamos com a ditadura do Capital ou ele acabará conosco.
Lenine disse uma vez: o marxismo é todo-poderoso porque é verdade. Apesar de todas as mentiras e calunias dos inimigos do socialismo, o marxismo é hoje mais actual do que nunca. A única solução para os problemas da humanidade é o socialismo mundial. Por isso, o socialismo não é uma utopia, e sim uma necessidade. Em palavras de Karl Marx, só existem duas alternativas para a humanidade: Socialismo ou Barbárie. Rui Pereira
Barbárie seems cool...(tou a brincar não leves a mal)
Caro Rui Pereira,
Gostei muito do teu post... Se há tema que gosto é o politico... como já foi referido, este blog é um espaço de expressão incondicionada, contudo, não posso deixar de fazer uns reparos ao teu comentário, sem que com isso queira impedir a tua futura expressão do estado de alma neste blog.
As minhas chamadas de atenção são as seguintes:
1º não sei se és português ou não, isso também não me faz espécie, ao contrário de outros comentadores neste blog, contudo, não pude deixar de reparar no teu "sotaque" a escrever... Por achar estranho, investiguei no google um excerto do teu texto e eis o que surge: http://www.marxist.com/socialismo-utopia-nessidade-5.htm
2º Sendo este um espaço livre, em que todos os comentários são bem-vindos, não censuro (nem passará pela cabeça alguma vez o fazer) os comentário, pois todos são contribuições preciosas. Contudo, fazer o simples "copy/paste", parece-me excessivo... Podias tentar resumir para tornar um comentário menos enfadonho...
3º Em resposta ao comentário/site, lanço a pergunta: Seguimos que modelo socialista? o Soviético? Cubano? ou o Chinês? Todos eles se caracterizam (no caso soviético "caracterizava") por uma intensa protecção dos direitos humanos, como é sabido, bem como uma imensa liberdade de expressão e de associação politica... Parece-me que os sistemas politicos não se podem colocar dicotomia rigida que não deixe alternativa ao socialismo... Por mim escolho uma terceira via: Estado de Direito
Ps- Este post não foi copiado de lado nenhum... É um autêntico produto da minha pouca inteligência.
Oi Winston td bem? Sim, sou brasileiro, colaboro na revista Marxismo Revolucionário Actual, juntamente com outros autores! Esse artigo foi escrito em 2004 e resultou de uma parceria entre mim, o Luíz Gonzaga e o Alan Woods (que teve uma responsabilidade predominante na formulação do texto). O Alan Woods tratou da parte da evolução do comunismo após a queda da URSS, e da situação especifica na Europa e nos EUA, enquanto que eu e o Luíz tratamos especificamente da situação na América Latina. Depois escrevemos os três o artigo no congresso sobre o Futuro do Comunismo,que decorreu na cidade de Londres em Julho de 2004 e foi mais tarde publicado em Setembro de 2004 com alguns acertos pelo Alan Woods no Reino Unido e por nós na Revista Marxismo Revolucionário Actual do Brasil em 2005, onde com a colaboração de Fernando de Souza fizemos alguns acertos ao artigo inicial, por isso, não há problemas quanto a direitos de autor! Achei útil, fazer aqui uma transcrição desse artigo para se analisar com detalhe o sistema vigente e a comparação com esta terceira via de que somos defensores! Um abraço. Rui Pereira.
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